sábado, 3 de dezembro de 2011

O peso que a gente leva...

Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas.
Excedem aos tamanhos permitidos.
Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música?
E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?
Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou.
Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais
da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências.
E nisso mora o encanto da viagem.
Viajar é descobrir o mundo que não temos.
É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar:
“Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!
” Ele tinha razão.
A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados.
Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo.
Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território.
conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver.
Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam.
Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... 
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem.
Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá.
Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos.
Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve...

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